domingo, 13 de dezembro de 2015

Lá como cá!

Desde antes da Revolução de 1930, segundo o sociólogo José de Souza Martins, protesto é questão de polícia.
Estou me referindo à reação da polícia no último protesto dos estudantes, na Av. Paulista, contra o remanejamento das escolas com desativação de algumas delas, para 2016.
Os professores não foram, desta vez, os fomentadores do movimento. 
Ele surgiu dos próprios estudantes como resposta às propostas de remanejamentos de escolas, com o fechamento de algumas, do governo do Estado que colidiam com o modo de vida e a mentalidade deles e das suas famílias.
Então, decidiram ocupar, inicialmente, as escolas que seriam descartadas e posteriormente as que, nos planos, não seriam fechadas.
Não foi necessária a presença da polícia quando estavam dentro das escolas a não ser nas imediações para evitar depredações e agressões. A ocupação foi passiva.
Os alunos que estavam em séries terminais, como terceiro colegial, reagiram porque estavam sem aulas, não terminariam o ano letivo e sem o diploma estariam impedidos de ingressarem em faculdades. O conflito passou a ser, então, entre estudantes dentro das escolas. E a polícia teve de intervir porque as reações foram agressivas e violentas.
As manifestações contra a ação dos policiais foram amplamente criticadas nas redes sociais. Todos considerando um absurdo a polícia algemar e prender estudante.
Cá entre nós, quando dois grupos estão brigando o que se faz para separá-los? Será pedindo LICENÇA, POR FAVOR, SENDO POLIDO E EDUCADO... ?
Como o movimento estava perdendo força, instruídos por entidades não estudantis, articularam-se com entidades de focos de tensão social, completamente estranhos ao movimento e foram às ruas. Assim fizeram. Bloquearam ruas e avenidas com carteiras e cadeiras e muitos transtornos para o trânsito, ou melhor, locomoção em São Paulo.
Aí a polícia mostrou quem é o educador e mostrou que entre nós educar ainda é enquadrar, da mesma forma que muitos professores querem o tempo todo enquadrar os seus alunos e se desgastam, estressam, entram em depressão e sofrem de todos os males possíveis quando insistentemente seus alunos não os atendem, se recusam a se enquadrarem.
Enquanto a polícia usa cassetete e bombas de gás lacrimogênio para enquadrar, o professor hoje está impedido de usar régua, palmatória, tapa etc. Nesse ponto ele leva nítida desvantagem em relação ao policial, desde que se queira ENQUADRAR.
Tudo isso significa um recuo no que se pensa de mais atual em educação. É triste testemunhar tudo isso.


domingo, 29 de novembro de 2015

Drogas agitando o mundo

Quando dominaram os povos da região do Peru, os espanhóis notaram que os nativos (Incas dos Andes) mascavam folhas de coca durante as cerimônias religiosas. 
Perceberam que as pessoas ficavam mais atentas, ativas e condescendentes em demasia e por muitas horas - praticamente o dia todo - sem consumirem alimento durante a mascação das folhas de coca.
A partir dessa constatação os soldados espanhóis decidiram tirar proveito dessas qualidades da coca.
Deliberaram, então, que os nativos passassem a mascar folhas de coca durante os trabalhos forçados a que foram submetidos. Com isso, tornaram os nativos mais fáceis de serem controlados, explorados e dominados e de baixo custo porque comiam muito pouco.
A coca tornou-se um produto altamente lucrativo pois aumentava a produtividade do trabalhador - trabalhava mais tempo - com baixo custo de comida. Além disso, a coca, como matéria prima tinha custo zero pois era cultivada em todos os cantos.

Na 2ª Guerra Mundial os aliados e os nazistas fizeram seus soldados consumirem, sem saberem, anfetaminas para que ficassem sem sono e sem fome, além de se sentirem com mais energia para as batalhas longas e dolorosas. Para muitos soldados drogados a guerra era uma farra.

Recentemente chega-nos a notícia que uma nova droga (diga-se pseudo nova droga), batizada de Captagon (nome científico fenetilina), também chamada de "droga do terror", está sendo distribuída entre os militantes do Estado Islâmico.
Cabe informar que o Captagon é um estimulante em comprimidos e que tem em sua composição a antiga anfetamina.
É fornecido fartamente para os militantes que vão entrar em ação para que fiquem mais atrevidos perdendo o medo e não sentindo fome quando em ação.
Afinal, quando a droga é boa e quando é ruim? Tudo depende da finalidade do seu uso.
A foto a seguir é da captura de uma carga de Captagon que iria para os Jihadistas.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Desvio de funções.

O STF (Superior Tribunal Federal), ao aprovar recurso, liberou as Guardas Municipais das cidades a também lavrarem multas de trânsito. Perfeito!
Decorrente desta decisão, passamos a ter como vigilantes do trânsito os Policiais Militares, a Polícia Federal (PRF) os Amarelinhos e as Guardas Municipais. 
Acho que nada no Brasil é tão fiscalizado.
Enfim, nada mais correto que os infratores das normas do trânsito receberem o merecido castigo. Aliás, no  Brasil, os que infringem as leis, principalmente as de trânsito, não são poucos. Ou melhor, são raros os motoristas isentos de falhas.
Defronte a escola que dirijo, numa avenida movimentada aqui em Campinas, testemunhamos diariamente, no mínimo, mais de uma dezena de desrespeitos às leis de trânsito, num trecho não superior a 50 metros. Imagino o que deve estar acontecendo nas outras vias da cidade, nas outras cidades, nos outros Estados....! Em Brasília!
A única preocupação que se evidencia na decisão do STF é o desvio de função.
A Guarda Municipal foi criada com a função de tomar conta do patrimônio público e, por causa disso, seus componentes permanecem vigiando os Postos de Saúde, Hospitais Municipais, Praças, Escolas e Parques e outros lugares considerados merecedores de preservação.
Com essa nova função - a de multar no trânsito - as Guardas Municipais podem se desviar das funções para as quais originalmente foram criadas, ou seja, serem deslocadas das Escolas, Parques e Praças para fiscalizarem o trânsito. 
Esse desvio de função não é tão difícil de acontecer porque as prefeituras estão com queda acentuada de arrecadação dos impostos em consequência da crise econômica do Brasil e as multas representam uma arrecadação expressiva sem a possibilidade de manifestações contrárias. 
Conseguir receita extra por meio de multas é mais fácil do que aumentar impostos ou taxas que, caso sejam tentadas, ocasionam movimentos contrários e manifestações estrondosas e inconvenientes, além de farto noticiário e exposição negativa do prefeito.
Pelo visto, as Prefeituras encontraram uma solução silenciosa e que cala a boca de qualquer manifestante contrário para recompor sua arrecadação.
Parabéns senhores prefeitos!
Para se ter uma ideia das proporções das multas basta ver o que aconteceu no primeiro semestre deste ano na cidade de São Paulo: mais de 100 mil multas. 
Você tem ideia de quanta arrecadação isto representa? 
Tente imaginar o que acontecerá com o aumento do contingente dos fiscais com o acréscimo da Guarda Municipal. E acrescente-se a isso a redução da velocidade máxima nas marginais Tietê e Pinheiros com mais radares instalados. A Prefeitura estará numa fartura nunca vista de dinheiro proveniente de multas.
E não me venham dizer que não existe indústria da multa.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Primeiro que apareceu



     Dirigindo o meu velho Opala, acompanhado do Carlucho (in memorian), professor de Física, numa tarde ensolarada de sábado retornávamos de Marília, ansiosos por chegar em casa, após termos dado aulas naquela manhã. Ele costumeiramente era meu caronista. 
     A viagem de Marília até Ribeirão Preto, onde morávamos, durava, na época, cerca de 5 horas. A estrada era esburacada, muito movimentada por caminhões de cana e de laranja e de pista simples. Pouquíssimas chances de ultrapassagens nos quase 300 km de distância.
     Depois de trabalhar a semana em diversas cidades como São José do Rio Preto, São Carlos, Araraquara e, por fim, Marília, eu e o Carlucho só tínhamos um desejo: chegar em casa para curtir o final de semana. 
     O nosso final de semana era curto porque durava das 17h de sábado, quando chegávamos a Ribeirão, até a segunda de madrugada (mais ou menos 3h 30min) quando saíamos para São José do Rio Preto onde tínhamos que estar para a primeira aula da segunda-feira, as 7 horas.
     Pois bem, numa destas viagens de retorno de Marília, próximo à cidade de Itápolis, fomos parados por Policiais Rodoviários de um posto a beira da estrada. Estas paradas sempre nos chateavam porque significavam retardar a nossa chegada. A única parada programada era para o almoço num restaurante próxima à cidade de Guarantã.
     O policial pediu-me os documentos e depois de constatar que estavam em ordem fez a seguinte acusação:
- Estava em velocidade acima da permitida naquele trecho, apontando a longa descida lá atrás, por onde havia acabado de transitar.
- Eu costumo controlar a velocidade e acho difícil que isto tenha ocorrido, já fora do carro.
- Está vendo aquela pedra branca lá no topo da estrada, no acostamento? disse o policial.
- Sim.
- Lá no pé da descida, sobre uma árvore, tem uma pano vermelho. Vê ele?
- Sim.
- Note, também, que na pista tem uma faixa branca pintada ao lado da pedra e outra, da árvore. A distância entre as duas faixas é de 1.000 metros e, para melhor visualiza-las no binóculo, colocamos a pedra e o pano vermelho.
- Quando o senhor passou pela pedra acionei o cronômetro e o desliguei quando passou pelo pano vermelho.
- Hummmm.
Mostrando-me o cronômetro comentou,
O senhor percorreu o trecho em alguns poucos segundos (não me recordo exatamente dos números) e isso significa que estava a aproximadamente 102 km/h quando o limite é de 100 km/h. Na época não existiam os radares e as multas por excesso de velocidade eram assim realizadas.
- Quando eu descia pela estrada fui ultrapassado por uma camionete e o senhor não a parou. Deveria te-la parado. Com certeza ela estava em velocidade superior a minha!
- O senhor foi o primeiro que apareceu no topo da estrada e o seu carro foi o que segui. Sei da sua velocidade no percurso. Também o vi sendo ultrapassado mas, como não o estava acompanhando o outro, nada fiz. E nada poderia fazer porque não teria uma velocidade cronometrada para lançar na multa enquanto a do senhor eu tenho. A lei exige isso.
Ouvindo a conversa, o Carlucho mostrou para ele as contas sobre a velocidade percorrida e deixou o policial em dúvida. Lembro-o que não era possível tamanha precisão de cálculos. Impressionado com a aula que o Prof Carlucho deu a ele, nos perguntou o que éramos.
O Carlucho respondeu que "somos professores, demos aulas hoje de manhã em Marília e agora são 15h e ainda estamos na estrada e loucos para chegar em casa. E essa parada está nos retardando por no mínimo 30 minutos".
Foi então que ele, surpreendendo, nos cumprimentou por sermos professores, teceu uma série de elogios para a nossa profissão e confessou o quanto admirava os professores e, não lavrou a multa.
Desejou-nos boa viagem e nos liberou.
O pessoal do PT vive se queixando que os outros partidos também fizeram as mesmas falcatruas, acusando diretamente o PSDB. O Lula não cansa de dizer que o PT está sendo perseguido nas investigações enquanto os outros partidos, não. 
SERIA BOM ALGUÉM DIZER A ELE QUE ELE FOI O PRIMEIRO QUE APONTOU, ou se mostrou, NO TOPO DA CORRUPÇÃO.