quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Herança maldita do PT


Lula, depois de empossado como presidente, fez referência às condições do cargo que assumia de “herança maldita”, se referindo, com certeza, e com vergonha, ao passado do PT que se negou a assinar a Constituição de 1989 que restaurou a democracia no Brasil, que criticou severamente o bolsa escola e a bolsa alimentação do governo FHC como uma espécie de esmola que humilhava os trabalhadores e os pobres em geral (quando chegou ao poder fundiu os dois programas na bolsa família e deles se apropriou como se fosse ideia exclusiva); que votaram contra ao Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal e tudo o mais, inclusive a implantação do Superávit Primário em 1999. Criticaram rispidamente a implantação do plano de metas inflacionárias com independência do Banco Central. A tudo combateram e, curiosamente, passaram a usar como se os tivessem criados. Portanto, a tal de “herança maldita” que Lula se referiu foi o tipo de oposição praticado pelo PT que o consagrou e que hoje não mais pratica, tendo abandonado-a por completo. Foi a saída que encontrou para não confessar que haviam errado.

Quem se considera com superioridade moral, social, intelectual e de comportamento, assume atitude de prepotente e de desprezo com relação aos outros e, dessa forma, como arrogante nunca confessa o próprio erro!

Com esse espírito, fez com que o PT e todos os seus integrantes e seguidores dançassem ao som dessa música. Chegaram ao extremo de dizer que a “herança maldita” se referia ao governo FHC!!! Puro engano!

Por conveniência, pois sabemos que a sinceridade não é uma qualidade comum entre os políticos, Lula se calou e deixou que seus fanáticos seguidores interpretassem o que dizia como se referindo ao governo de Fernando Henrique Cardoso.

O PT sempre ficou contra tudo e, assim procedendo, estava, na realidade, praticando a política tradicional de enganar os ingênuos e fazendo de conta que era o verdadeiro e único defensor dos direitos do povo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Herança maldita no Barcelona

Já é sabido de todos que o Barcelona se consagrou-se como o melhor do mundo, não só pela maravilha de futebol que apresentou mas, também, por ter conquistado o título do Campeonato Toyota Mundial da FIFA.

Vale a pena ressaltar os comentários que se sucederam após o encerramento do jogo contra o Santos. Ouvi os comentaristas da TV GLOBO (TV) e da Rádio BANDEIRANTES; além disso, li as reportagens da FOLHA e do ESTADÃO.

Uma das unanimidades entre os comentaristas e entrevistados foi a de que o Barcelona é o que é hoje graças ao seu passado, da sua filosofia implantada e mantida praticamente intacta por mais de 40 anos, fundamentada principalmente nas equipes de base. Ao longo desses anos, seus dirigentes foram irredutivelmente dispostos a manter a filosofia inicialmente proposta, mesmo com resultados negativos. Entre os entrevistados, não faltaram manifestações elogiosas aos jogadores, técnicos e dirigentes do passado que contribuíram para que o time chegasse hoje à condição que chegou, cada um participando com sua parcela. Foram citados muitos técnicos, dirigentes e jogadores, entre eles alguns brasileiros como Romário, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaucho, o argentino Maradona e o holandês Cruyff, tido como principal responsável pela implantação do futebol-equipe. Apesar de não ganharem tantos títulos no passado, o time foi edificado, tijolo a tijolo, pelos seus integrantes do passado, ano após ano sempre se aperfeiçoando.

Mesmo com Cruyff e Maradona e estilo de jogo que culminaria no atual, o time só faturou dois campeonatos espanhóis em 30 anos.

Seguindo os planos inicialmente traçados, dando continuidade aos trabalhos das gerações anteriores, chegaram ao estágio atual de começar a colher os frutos sem abandonar os princípios norteadores soberanos dessas últimas décadas e que conduziram a esse resultado positivo pela segunda vez e a muitos outros nos últimos 10 anos. Pelo visto, a jornada vitoriosa perdurará por tempo bem superior ao que podemos supor.

Fazendo um paralelo do Barcelona com o Brasil, podemos perfeitamente supor que se Lula tivesse sido candidato à presidência do Barcelona e perdido por várias vezes, como opositor, e que atualmente fosse o presidente, ao assumir teria dito, sem a menor dúvida, que tinha recebido uma “herança maldita” de muitos resultados negativos apesar dos vultosos investimentos e que todo o sucesso atual do time era mérito exclusivamente seu e que foi o único que conseguiu reduzir o sofrimento da torcida, ou melhor, do povo, “como nunca havia acontecido na história desse time”! E os seus seguidores, os petistas espanhóis, fariam coro e passariam a amaldiçoar os presidentes anteriores que tanto combateram. Enquanto isso, os atuais do Barcelona reverenciam os que lhes antecederam, com reconhecimento justo, correto e maduro.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Eppur si muove

Dizem que Galileu sussurou "eppur si muove" aos que se encontravam ao seu redor, depois de negar a sua teoria de que a Terra é que se movia em torno do Sol, perante o tribunal da inquisição em 1632, para se livrar da condenação à morte. Livrou-se dessa sentença mas foi condenado a prisão domiciliar pela heresia de contrariar a igreja que, na época, pregava que a Terra era o centro FIXO do Universo e que o Sol girava em torno dela.
Para os inquisitores, declarou que a sua teoria era totalmente errada e que a da igreja estava certa!
Eppur si muove, ou seja, "e, no entanto, ela se move", murmurado naquela situação, soa como uma declaração de inconformismo e rebeldia moderada para que os inquisitores não o ouvissem ou percebessem a sua atitude de não acatar passivamente o que a maioria do grupo pensava. Assim, demonstrava que aceitava as ordens das autoridades superiores com restrições veladas: "a Terra é o centro do Universo eppur si muove"!!!!!!
Essa conduta do Galileu nos lembra bastante a situação da criança arteira que obedece a ordem materna resmungando, ou seja, como se diz no ditado popular que bem explica a relação de tiranos ou ditadores com dominados: "o que você me pede rindo que eu não faça chorando!"

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sem neve!

Dados divulgados pelo IBGE e publicados pela imprensa de duas semanas atrás, apresenta fatos curiosos e que nos levam a refletir bastante.
O tempo médio de permanência da criança brasileira diante da TV e, depois de certa idade, do computador, é de aproximadamente 7h. Nesse aspecto, somos líderes mundiais, o que é muito triste.
Quando analisado por classes, nota-se que as crianças de classes mais elevadas ficam, em média, 4h perante a TV e as menos favorecidas, 9h.
A situação se agrava porque ainda não dispomos de Normas ou Leis que regulamentem as propagandas nos horários e programas mais assistidos por essa multidão de jovens.
Bombardeados por propagandas extremamente bem elaboradas e que convencem facilmente a pessoa a desejar o que anunciam, as crianças, ainda desprovidas de qualquer sensatez, incapazes de julgar ou de apreciar ou de fazer juízo entre o mais e o menos adequado e necessário, acabam sendo astutamente persuadidas para o consumo e, o que é pior, também estão sendo educadas para se tornarem consumidoras inconsequentes e desmedidas; compradores exacerbados e insaciáveis.
No fundo, o que a TV e o computador estão fazendo, nessa situação, é formar uma geração inteira de consumidores inconscientes, impetuosos e arrebatados, deixando totalmente de lado a concepção de cidadão consciente. A regra entre nossos jovens, submetidos a esse tipo de influência, passa a ser o TER NA VIDA, custe o que custar!
Já cheguei a conhecer garotos afirmando que sem o celular ou computador não viveriam, que eram, para eles, aparelhos imprescindíveis!!!! Um deles até chegou a afirmar que o primeiro ato ao se levantar de manhã era pegar o celular, antes mesmo de calçar os chinelos.
Semana passada, depois que tomei conhecimento dos dados do IBGE, fiz uma pequena e descompromissada pesquisa entre meus alunos do 1o e 2o colegiais, num total de 85 estudantes. "Levantem as mãos os que trocaram de celular a um mês ...; há dois meses ...; três meses ...; ...." . Resultado: dos 85, 73 responderam que haviam trocado de celular nos últimos 3 meses. O celular mais velho da sala de aula tinha 9 meses!
Outra pergunta: "Levantem as mãos os que ficam no Facebook mais de 1 hora por dia ...; de 2 horas ...; de 3horas ...; de 4 horas ...; .....". Resultado: 100% ficam até 3 horas; 68% até 4 horas; 30% por mais de 5 horas.
Conclusão: não é preciso muito trabalho para confirmar os resultados do IBGE, basta que cada professor faça essa pesquisa nas suas turmas! Só não perguntei sobre TV! Mas, cá entre nós, precisava?
Também observei que boa parte dos alunos durante os "recreios" ficam entretidos, cada um, com os seus celulares. Rodas de conversa entre eles está diminuindo. E quando existe, conversam, principalmente, sobre os recursos que o celular de cada um tem ou sobre as novidades do computador.
Por outro lado, quando observamos os países que têm regulamentação de propaganda em horários de TV preferidos pelas crianças, como a Dinamarca e a Suécia, países pioneiros na imposição dessas normas, notamos que suas crianças, em média, permanecem 1 hora por dia vendo TV.
Somente 28 países criaram essas normas e, entre eles estão os 10 mais desenvolvidos, cujas crianças e jovens não ultrapassam a média de 1h por dia diante de TV ou de computador, com um detalhe que os diferencia enormemente de nós: esses países têm período longos de permanência das crianças em casa, o que acontece nas épocas que a neve cai! São meses seguidos de neve!
Nós, nem neve temos!!!!!!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Forma (ou fórmula!) de medicina importada!

Sabemos que um médico formado fora do Brasil para poder exercer a sua profissão por aqui precisa passar por um exame, por determinação do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira.
De modo geral, os que conseguem exercer a medicina no Brasil representam um número muito baixo, visto que poucos conseguem aprovação nos exames. Queixas sobre isso, não faltam! Os reprovados, como derrotados, criticam tudo e a todos.
Tive a oportunidade de ter um desses exames em mãos, destinado aos pretendentes à Pediatria. Lá, por exemplo, tinha uma questão na qual era dado um conjunto de sintomas e pedia para se indicar um procedimento com base nas informações fornecidas. Eu, como um simples biólogo, quando li a questão logo imaginei que o diagnóstico muito provavelmente seria de meningite. Qual não foi a minha surpresa ao saber que estava certo! Deixando isso de lado, o que realmente surpreendeu foi que nenhum dos que faziam a prova sequer se aproximaram do diagnóstico!!!!
Imagine esse candidato exercendo a Pediatria num Posto Clínico e, de repente, chega uma mãe com o filhinho no colo, passando muito mal e o médico fazendo diagnóstico errado!?
Como a meningite deixa sequela, devendo por isso ser tratada rapidamente, em emergência, um erro médico nesse caso só retarda o início do tratamento, o que pode, inclusive, levar o doente a óbito.
Nesse último exame, dos 677 inscritos, só passaram 65; em 2010, apenas 2 passaram, num total de 628 candidatos.
Dos aprovados, não chega a atingir 1% dos oriundos de Cuba. Os formados na Bolívia, Chile e Argentina são aprovados em percentuais bem superiores aos cubanos.
O pessoal do Conselho Federal de Medicina diz que os formados em Cuba só apredem trabalho de prevenção e praticamente nada de medicina curativa, numa linha de exercício de medicina incompatível com aquela que praticamos aqui no Brasil. No Brasil, o que menos se faz é prevenção.
Além disso, também fiquei sabendo de um formado em Cuba que a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) de Havana "aceita qualquer candidato desde que seja indicado por movimentos sociais, sindicatos e partidos simpatizantes do regime castrista". Considerando difícil de acreditar nisso, procurei me informar e fiquei sabendo que é isso mesmo! Portanto, o ingresso na faculdade cubana não é por mérito mas por afinidade ideológica. UM VESTIBULAR ESTRANHO A NÓS!
Só que os exames que aqui são submetidos os formados em Cuba não é de caráter IDEOLÓGICO, mas de conhecimento apenas. Resultado disso: quase 100% de reprovação.
Já que o sistema está carregado por ideologia, é inevitável fazer a pergunta: SERÁ QUE OS MÉDICOS CUBANOS TRATAM SEUS DOENTES FAZENDO-OS RECITAREM TRECHOS DE KARL MARX? OU REPETINDO DISCURSOS DE FIDEL CASTRO? OU DECORANDO JARGÕES CONTRA O CAPITALISMO? OU ACUSANDO OS EUA DE IMPERIALISMO?

sábado, 12 de novembro de 2011

Mãe é mãe!

Foi em 1966, dia 04 de abril. Consultei o calendário para ver que dia da semana era! Uma segunda-feira.
No intervalo da aula, na "cantina" da Biologia, na Cidade Universitária, USP, S. Paulo, vi um recado afixado no quadro de aviso. Estavam procurando por um professor de Ciências para dar aula em turmas noturnas de Madureza, no Curso Madureza Santa Inês, no bairro da Liberdade. Como era de praxe, arranquei o aviso e o guardei no bolso. As aulas terminaram as 18h e 30min (a faculdade era período integral), peguei um ônibus e fui até lá. Atendeu-me o coordenador. Mostrei a ele o aviso que havia removido do mural. Observou e, sem falar mais nada, deu-me um giz e mandou-me entrar numa sala que estava sem professor.
A única coisa que me lembro dessa aula foi que o giz derreteu na minha mão. Naquela época o giz não tinha revestimento plástico como hoje.
Nesse dia, cheguei bem além da hora que costumeiramente chegava em casa. Naquela época ninguém tinha telefone, pois era coisa de gente rica, portanto, por causa disso não foi possível avisar minha "mami". Ela me esperou acordada, preocupada com o meu atraso.
Contei a ela que tinha passado numa escola e que havia dado aulas. Mostrei minha mão branca de giz.
Ela se emocionou com o meu relato, beijou-me e assim se encerrou aquele dia.
Passado algum tempo, ao chegar em casa, encontrei sobre a mesa da cozinha um bolo de fubá com erva-doce, que ADORO. Perguntei a minha mãe sobre o motivo daquele bolo. Foi então que ela me disse que naquele dia estava fazendo um ano que havia dado a primeira aula. Era 4 de abril de 1967.
De lá para cá, todos anos, enquanto viveu, ela me cumprimentava nesse dia. Era motivo de muito orgulho para ela ter um filho professor.
Quando completei 25 anos de profissão ela me mandou uma cesta de café da manhã. Desde que ela faleceu lembro-me mais dela do qualquer outra coisa no dia 4 de abril.
Graças a ela o dia em que dei a primeira aula se tornou para mim inesquecível porque, para ela, ele o foi com certeza.
Uma oincidência: DIA 4 DE ABRIL É ANIVERSÁRIO DA MINHA CIDADE NATAL, Marília, S.P.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Democracia direta, JÁ!

Veja só como as coisas são!
A gente escolhe, por intermédio das eleições, os nossos políticos representantes na Câmara dos Deputados, Senado Federal, Assembléias Legislativas e Câmara de Vereadores. Na grande maioria das vezes as pessoas nem se lembram em quem votaram mas, costumeiramente, criticam os gastos excessivos que essa entidades nos dão, a baixa jornada de trabalho que praticam, a corrupção desenfreada que executam rotineiramente e as leis absurdas que aprovam (as tais leis que não "pegam").
Pois bem, poderíamos acabar com tudo isso simplesmente usando a internet.
Que tal acabar com essa corja de políticos e substituí-los pela votação pela internet? Cada um de nós acessaria um site na qual os projetos ficariam disponíveis; tomaríamos ciência dele e daríamos sugestão sobre o quê e como mudá-los (as famosas emendas) e depois votaríamos aprovando ou não! Assim, acabaríamos com essa história de representantes e cada cidadão decidiria, num verdadeiro plebiscito, democraticamente, o futuro do país.
Em vez de praticar democracia indireta, passaríamos exercer democracia direta.
Eu gosto dessa ideia!

sábado, 5 de novembro de 2011

O ensino de Ciências no Brasil (III)

Continuando a abordar sobre o ensino de Ciências no Brasil, exponho, nesse artigo, o terceiro tópico.
TERCEIRA PARTE
     Com o surgimento dos processos de avaliações externas como ENEM, PROVA BRASIL, SARESP etc. as escolas, numa tentativa de melhorarem as suas classificações, iniciaram programas preparatórios específicos para essas avaliações. Em vez desses programas incorporarem as inovações que cada uma delas exige, como desenvolver competência e habilidades exigidos no ENEM, recorreram, como sempre, ao tradicional método do Ratio Studiorium, incrementando mais aulas de conteúdo aos pobres coitados dos alunos. Perderam a grande chance de se inovarem, talvez por falta de competência e habilidade. Assim, aulas de aprofundamento, aulas de exercícios, aulas de resolução de questões do ENEM de anos anteriores são dadas. Parece que a aula virou a panacéia dos problemas de aprendizagem. Assim procedendo, a escola abandonou o seu papel educacional e assumiu a função de adestramento para resolver um determinado tipo de prova. Até faculdades de direito se preocupam mais em adestrar seus alunos para a prova da OAB do que torná-los bons advogados. Como se pode ensinar Ciências, como a disciplina exige, numa escola com esse tipo de foco? Impossível!
     Enquanto isso, nos países que lideram a qualidade de ensino, entre eles a Finlândia, não há avaliação nacional; as avaliações são internas e os resultados não são publicados e servem para melhorar a qualidade de ensino/aprendizagem e não para elaborar rankings e comparar escolas. Os rankings internacionais recebem pouca ou nenhuma atenção por parte de diretores e professores; suas atenções se centram na aprendizagem dos alunos e no êxito escolar de cada um deles.
     Somente nas duas últimas décadas é que se reconheceu a relação entre educação e crescimento econômico (ou desenvolvimento econômico). Hoje se compreende que a elevação do padrão de vida está diretamente relacionada com o papel da qualidade da educação.
     Países Africanos e Latinos Americanos, entre eles o Brasil, o aumento da qualidade de vida foi nulo ou negativo apesar do crescimento econômico. As pesquisas revelaram que o desempenho econômico se transforma em incremento na qualidade de vida quando acompanhado na melhoria da qualidade da educação e, que para isso, pouco contribui as taxas de matrículas, números de alunos frequentando escola e número de anos de estudo da população.
     O fraco crescimento econômico da América Latina em comparação com países do sudeste Asiático deve-se, seguramente, de que apesar dos progressos em indicadores de quantidade, a qualidade da educação dos países latino-americanos ainda é das mais baixas do mundo.
     Enfim, se os moradores de favela recebessem boa qualidade de ensino conquistariam uma carreira profissional e teriam os seus ganhos mensais bem elevados e, por iniciativa própria, construiriam as suas residências, mais dignas, e deixariam de depender do governo para receber um mísero apartamento na Cingapura, dispensando os favores de políticos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O ensino de Ciências no Brasil (II)

Continuando a abordar sobre o ensino de Ciências no Brasil, apresento, nesse artigo, o segundo tópico.
SEGUNDA PARTE
Os resultados das as pesquisas pedagógicas realizadas até agora pelo mundo afora, sem exceção, confirmam e reconfirmam uma máxima sobre o ensino de Ciências e de Matemática, assim sintetizada por William Schmidt, Universidade de Michigan, EUA, pesquisador renomado sobre ensino e aprendizagem dessas disciplinas: OS RESULTADOS MOSTRAM QUE QUANTO MAIS TÓPICOS VOCÊ INCLUI NO CURRÍCULO, PIOR É A PERFOMANCE DO PAÍS [portanto dos alunos (observação minha)] NAS AVALIAÇÕES INTERNACIONAIS E INTERNAS...
Partindo dessa comprovação, o que se pode dizer a respeito da organização curricular brasileira com as tais disciplinas ditas obrigatórias?
Constatamos que, à medida que os anos passaram mais disciplinas e assuntos foram incluídos no currículo do ensino básico e que, ao mesmo tempo, os resultados das avaliações despencaram, demostrando a piora cada vez mais acentuada da educação.
Dimuindo ainda mais a esperança de melhoras, tramita pelo Congresso Nacional a inclusão obrigatória de mais de 150 temas e disciplinas no Ensino Básico, como “Noções Básicas de Trânsito - uma maneira de formar futuros motoristas mais responsáveis -”, “Economia - ensinar os jovens a lidar com o dinheiro - “, “Saúde”, “Lei de Defesa do Consumidor - ensinar os jovens sobre seus direitos de consumidor -”,”EMC - educação moral e cívica, para incrementar a civilidade nos nossos jovens -”, “História dos Afrodescendentes”, “História dos Nossos Índios” e daí por diante. A partir de 2012 seremos obrigados, por imposição legal, a incluir Música no currículo do ensino básico.  Quer saber mais, acesse o site do nosso congresso e tome ciência dos projetos educacionais.
Enquanto Deputados, Senadores, representantes de ONGs , religiosos e Ministro da Educação procuram cada vez mais incluir novos temas e disciplinas, em detrimento das já existentes, os países com melhores índices educacionais concentram seus esforços em poucas disciplinas e cada uma delas com assuntos racionalmente selecionados. Em um livro didático de Biologia da Finlândia, notei que o número de títulos é menor do que ensinamos e cada um é tratado com mais profundidade e acompanhados de várias e diversas atividades. Portanto, a regra lá é: “ensina-se menos desde que os alunos aprendam bem”. Por aqui, “ensinamos mais e poucos ou quase nenhum consegue aprender o razoável”.
De modo geral, podemos dizer que só acrescentamos coisas para se ensinar e nada é retirado, o que implica em exigência de ampliação de tempo para aprendizagem. Essa foi a principal argumentação usada para aumentar de 180 para 200 dias letivos. A mesma justificativa já foi apresentada por Fernando Haddad, atual Ministro da Educação, para passar de 200 para 220 dias letivos.
A aprendizagem consome tempo e, por causa disso, os ensinamentos têm que ser dosados em graus crescentes de dificuldade e complexidade, sem saltos ou atalhos, e reforçados com atividades, PRATICADAS PELOS PRÓPRIOS ALUNOS, que acrescentem qualidade ao que é transmitido e deem significado e valor ao ensinado, repeitando a faxia etária dos educandos que estabelece os limites da aprendizagem. A experiência em nossas escolas tornam evidente que os planejamentos escolares consideram com carinho o TEMPO DE ENSINAMENTO [os professores estipulam números mínimos de aulas para que possam ensinar determinado assunto] sem levar em conta o TEMPO DE APRENDIZAGEM do aluno. O tempo é dosado pelo professor segundo suas necessidades, relevando-se em plano bastante inferior, ou nem considerando, o tempo necessário para o estudante aprender.

Por aqui, diga-se Brasil, ainda continuamos praticando as normas do Ratio Studiorum dos Jesuítas, criada em 1599, que tinha como ideia principal docete omnes gentes, ou seja, “ensinai, instrui e mostrai a toda gente a verdade”.
Com relação aos professores, consta numa das normas de Ratio Studiorum:Por onde começar o ensino”: Procure que os nosos irmãos comecem a ensinar em aulas que fiquem abaixo do nível científico para que assim, de ano para ano, se possam elevar com boa parte de seus alunos, a um grau superior

Com relação aos alunos, registra: Tranquilidade e silêncio: Nas aulas não vão de um para outro lado; mas fique cada um no seu lugar, modesto e silencioso, atento a si e aos seus trabalhos. Sem licença do Professor não saiam da aula. Não estraguem nem manchem os bancos, a cátedra, as cadeiras, as paredes, portas e janelas ou outros lugares, com desenhos, ou escrituras, com canivete ou de outra maneira.
A dinâmica da sala de aula ainda é a mesma de 1500, ou seja, as idéias, atitudes, práticas, valores do indivíduo ou do grupo são ultrapassados e não condizentes com a nossa época. Parece até que Ratio Studiorum foi escrita hoje!
Por fim, para agravar ainda mais o problema, as escolas decidiram transformar o terceiro colegial em terceirão, cuja essência é a revisão para os vestibulares. Assim procedendo, a matéria que deveria ser ensinada em 3 anos agora é em 2!!!! Já está consagrado na Pedagogia e Psicologia que ao se ensinar muita coisa em pouco tempo o rendimento da aprendizagem é comprometido.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O ensino de Ciências no Brasil (I)

Como o assunto contém aspectos peculiares diversos e extensos, o tema que passo agora a escrever será dividido em três partes, numeradas por I, II e III.
     A última classificação divulgada da prova de Ciências do PISA mostra o Brasil na 53a posição numa lista de 65 países avaliados. Estamos a frente de Montenegro, Jordânia, Tunísia, Albânia, Quirgistão, Azerbaijão e atrás de Colômbia, Trinidade Tobago … Os seis primeiros, na ordem decrescente das médias, são: Shangai (China), Coréia, Finlândia, Hong-Kong (China), Singapura e Canadá. Repare naquilo que não é coincidência: os últimos são países economicamente fracos e administrativamente subdesenvolvidos com população desasisstida; exatamente o contrário do que se observa entre os primeiros.
     O Brasil com média 412, Shangai, o primeiro, com 556 e Quirgistão, o último, 314. Estamos a 98 pontos do último e a 154 do primeiro. A OCDE, entidade sediada em Paris, organizadora do PISA, admite 400 como piso de pontos, ou seja, como a menor média admissível; abaixo dela o sistema educacional nem ruim é, pois inexiste. E nós estamos um pouquinho acima desse nível horroroso. O Brasil está mal há décadas, com médias oscilando ao redor disso, estacionado próximo a essa posição. Mudam governos e a educação continua na mesma.
     O que causa estranheza é que a Educação Brasileira, na última década, só melhorou - e muito pouco - nas avaliações internas, como SAEB, SERESP, Prova Brasil … . Regozijando-se, o governo federal até lançou, no ano passado, propaganda na TV divulgando que as médias tinham passado de 3,4 para 3,6 e que a meta para 2012 era 4,0, como se esse crescimento, apesar de pífio, fosse resultado decorrente dos seus investimentos e trabalhos com educação.
     Por ser insignificante, quem tem um mínimo de conhecimento estatístico atribui essa diferença ao acaso. Ela só terá significado se se repetir por no mínimo 6 anos seguidos, período esse que corresponde à metade da soma dos 9 anos do Ensino Fundamental com os 3 anos do Ensino Médio (9 + 3 = 12).
     Por enquanto, só nos resta fazer um questionamento: “como se ensina ciências no nosso país?”. É justamente essa a questão que procurarei responder em três partes.


PRIMEIRA PARTE
     No ensino fundamental, a Ciência é ensinada de forma lúdica, isto é, com brincadeiras e diversão.
     Crianças ensinadas dessa forma acabam se interessando mais pela própria brincadeira do que pela Ciência que está sendo ensinada. As regras das brincadeiras despertam muito mais interesse sendo, por isso, rapidamente e “alegremente” assimiladas enquanto que o domínio do conhecimento científico pouco é incorporado ao seu conhecimento. Tanto é verdade, que tempos depois, quando solicitadas para se recordarem das atividades, as crianças o fazem com facilidade; o conhecimento pretendido com a dita atividade lúdica raramente vem a mente delas de forma equivalente!
     Nota-se claramente uma reversão total do ensino porque a brincadeira, que seria o meio empregado para se alcançar o fim da aprendizagem científica, acaba virando o fim e os ensinamentos científicos, o meio. Os jovens se recordam até dos detalhes das brincadeiras e vagamente lembram do conteúdo ensinado.
     O ensino adequado de Ciências raramente atinge seus objetivos porque exige professores muito bem qualificados e empenhados naquilo que fazem e laboratórios com um mínimo de equipamentos que, sob a gestão do professor, se transforme num ambiente atrativo, que estimule a pesquisa e desperte a curiosidade da criança.
     Até esse momento da minha vida profissional, iniciada em 1966, como professor de Ciências e de Biologia, só conheci três escolas - Colégio Experimental da Lapa, Colégio de Aplicação da USP e Colégio Estadual Infante Dom Henrique, na Vila Matilde, na cidade de São Paulo - que tinham patrimônio pedagógico suficiente para que se ensinasse ciência como deve ser.
     A minha experiência na FUNBEC (Fundação Brasileira para o Ensino de Ciências), IBECC (Instituto Brasileiro de Educação, Cultura e Ciências) e CECISP (Centro de Treinamento para Professores de Ciências de São Paulo PREMEN) - todos na USP - , como instrutor de professores de Ciências do Ensino Fundamental testemunhei a carência de qualificação deles. Professores tão mal preparados desestimulam as crianças além da má qualidade do ensino que ministram.
     Até o conteúdo é deformado! Sempre que ensino fotossíntese e respiração no primeiro ano do Ensino Médio (1o colegial) questiono se é verdade que a “planta respira de um modo durante o dia e de outro a noite?”. Sim, é a resposta unânime, demonstrando que lhes foi ensinado conceitos totalmente errados. Um absurdo!
      Para que essa situação se reverta e que a criança mais aprenda do que brinque, os professores precisam ser bem mais qualificados e aprimorados, capazes de extrair grandes benefícios de ensinamentos que os laboratórios proporcionam e que as atividades extras contibuam para a aprendizagem científica.
     Levantamento feito pelo MCTI (Ministério de Ciência e Tecnologia da Inovação), órgão federal, mostra que menos de 3% das saídas dos alunos das escolas atendem a essa necessidade; e que mais de 70% das excursões são organizadas principalmente para passeios em Shopping, Hopi Hari, Playcenter, Praias e Parques, passeios que mais entretêm do que ensinam, educando as nossas crianças, isso sim, para serem consumidoras vorazes!
     O uso da tecnologia substituindo a presença do professor pelo ensino a distância; a do laboratório pelos vídeos ou simples demonstrações em sala só vêm agravar ainda mais o problema.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Liang

Quando pós graduava em Biologia Aplicada à Agricultura, numa das disciplinas que cursava, tive dois colegas de sala que me deixaram boas lembranças: Liang, oriundo da China e Elfriede, da Alemanha. Ele, o chinês, fazia especialização, na ESALQ-USP, em produção agrícola e ela, a alemã, em paisagismo.
No primeiro dia de aula dessa disciplina, o professor distribuiu, para cada um da turma, composta por 11 alunos, entre eles eu, o chinês e a alemã, um tema para que preparássemos seminários a serem dados dois meses depois. Uma das recomendações que o professor nos passou foi a de que o preparo era individual, que cada um se encarregasse do seu.
Durante o intervalo dessa aula, na cantina do campus, enquanto tomávamos um cafezinho, troquei ideias com um colega sobre como desenvolver o tema. Além do colega, estava presente o chinês e o próprio professor. Fomos interrompidos pelo Liang que, espantado, nos perguntou com seu português impecável: O PROFESSOR NÃO DISSE QUE A PREPARAÇÃO TINHA DE SER INDIVIDUAL? Ele, meio assustado, perante o professor, nos fez esse questionamento e nós, mais surpresos ainda, ficamos tão sem jeito que nada respondemos. Que diferença cultural!?
Passado um mês de aula, veio o dia da prova. O professor distribuiu as provas para os alunos e cada um se concentrou nela e assim o tempo passava quando, causando surpresa geral, o Liang, preocupado com o professor sem fazer absolutamente nada na sala, perguntou: POR QUE O SENHOR PERMANECE AQUI NA SALA? Todos, é claro, fomos pegos de surpresa com a dúvida e o professor também estava entre os "todos"!!!!! Que diferença cultural!?!?
Na segunda prova aplicada, um mês depois, o professor não ficou na sala.
Acredite, com a presença do chinês, agora nosso grande amigo, ficamos todos constrangidos em trocar ideias sobre as questões. Ficamos com vergonha de "trocar informações sobre os problemas" porque "cola" propriamente dita é inadminissível na pós graduação. Procedemos naquela prova como se o professor estivesse a nossa frente, nos vigiando atentamente. Foi uma lição inesquecível!!!!!! Dada por diferença cultural!?

domingo, 16 de outubro de 2011

Tolerar ou não!

O que escrevo tem como base o artigo de Renato Lessa em CIÊNCIA HOJE, vol. 47, pág. 281, maio de 2011, intitulado "A Visibilidade do Abjeto", na secção "sobre humanos".

Respeitando as liberdades individuais, como prega a nossa democracia, que dá amparo legal às minorias, nos colocamos diante de uma discussão polêmica sobre tolerar ou não o intolerante.
Afinal, o intolerante faz parte de uma minoria que, de acordo com os nossos princípios democráticos, devem ser tolerados. Ou não?
Vamos pensar melhor sobre o assunto!
Não tolerar o intolerante é contrário aos princípios da liberdade individual e que a nossa democracia tanto defende e, ao mesmo tempo, nos torna INTOLERANTE aos INTOLERANTES. Portanto, não tolerar os intolerantes nos iguala a eles, pois combatemos a intolerância sendo intolerantes!!!! Muito estranho!
Por outro lado, sendo tolerantes, como a nossa democracia proclama, com os intolerantes, estaremos reconhecendo como autêntico, ou melhor, legitimando, o que os intolerantes praticam contra os que não toleram.
Caímos numa sinuca de bico, ou melhor, como se diz em ditado popular, "se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come".Coisas da democracia! Ou não?!
Paro por aqui. O autor do artigo, Renato Lessa, foi mais longe.
E, por final, parabenizo Renato Lessa pelo seu artigo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Chuvisco e Bola-branca


Na minha adolescência e juventude (estou com 64 anos), o Ensino Fundamental II chamava-se Ginásio e o Ensino Médio atual era dividido em quatro áreas: o Científico de Biológicas, o Científico de Exatas, o Normal e o de Humanas.

Exatas, biológicas e humanas preparavam seus alunos para os vestibulares dessas respectivas áreas; o Normal formava professoras do ensino primário (Ensino Fundamental I), as famosas normalistas.

Cursei o Científico Biológicas no Instituto de Educação Domingos Faustino Sarmiento, no bairro do Brás, em S. Paulo. O ginásio foi em Marília, SP.

As notas eram de 0 (zero) a 100 (cem) e mensais. Hoje, são bimensais ou trimensais. Além disso, tínhamos os exames do final do primeiro semestre (junho) e no final do ano (dezembro). Por causa disso, fazíamos muito mais provas que hoje e com bastante frequência eram orais. Quantas provas orais que fiz!!!!!!

Não atingindo a média de aprovação no final do ano (média = 50,0) o aluno ficava de 2ª época que consistia num novo exame final, realizado em fevereiro do ano seguinte, cuja nota servia para completar o que faltava para aprovação.  Podia-se ficar no máximo em 3 disciplinas. Era a única chance que se tinha caso não tivesse atingido a média no final do ano. Quem ficava de 2ª época era obrigado a passar as férias de janeiro estudando em casa. Tudo corria por conta do aluno. Nada de aula ou atividade de recuperação ou coisa parecida.

Provas de recuperação durante o ano letivo, nem se cogitava; Conselho de Classe ainda não tinha sido instituído e o professor aconselhava os alunos a estudarem mais caso alguém recorresse a ele solicitando nova chance para melhorar nota. Nova chance! Melhorar nota! Nem pensar!

O rigor da disciplina era muito mais apurado. Qualquer ação do aluno que contrariasse o professor, ou bedel ou a direção, a suspensão era a consequência natural, praticamente sem direito a defesa.

O Professor constatava a indisciplina e o Diretor suspendia sem pestanejar. Professor e Diretor tinham autoridades indiscutíveis e decisões inegociáveis.

Lembro-me de um episódio com o professor de Português, chamado Luiz Antônio, apelidado de "Bola-branca" porque tinha cabelos brancos e sua cabeça parecia com uma bola de bilhar branquinha e redondinha. Certa vez, o Bactéria, um colega da sala, amassou uma folha de caderno e a arremessou até o lixo. A pelota de papel voou pela sala. O "Bola-branca" viu; o colega foi encaminhado à Direção e suspenso por dois dias. Lembro-me que ele nos convidou para irmos até a Praia Grande porque aproveitaria a suspensão para passar alguns dias na praia. “Chuvisco”, o Diretor, passou um sermão para a turma dizendo que ele deveria esperar o intervalo para se levantar e levar andando o papel, em vez de arremessá-lo. Era apelidado por nós de “Chuvisco” porque tinha a língua presa e cuspia pequenas gotas de saliva quando falava alto com os alunos.

É claro que os apelidos "Bola-branca" e "Chuvisco" eram termos que ficavam entre nós. Imagina só chamar um professor ou diretor pelo apelido. Seria expulso da escola!

Agora, entre os colegas, só nos tratávamos pelo apelido. O meu era "Pascoalão", por causa do meu sobrenome Paschoarelli e estatura (1,87m), tinha o Bactéria, o Coquinho, o Mentira (mancava de uma perna), o Lalau (era o Alaor), o Passe-bem, o Esquina e muitos outros que agora não me lembro. Todos entraram na USP. O Bactéria e o Coquinho na Odontologia, o Passe-bem na Pinheiros, o Esquina e o Mentira na Poli, o Lalau na São Francisco. Note que a gente estudava numa escola pública.
Hoje, com todas as facilidades que o sistema educacional brasileiro oferece ao aluno, ele consegue passar de ano sabendo muito pouco, passa de série após série sem saber fazer contas simples e nem escrever corretamente e bem. Com tantas "provas de recuperação", "trabalhos para ajudar na nota", "conselho de classe", "provas fáceis",  "atividades de recuperação" o aluno atual para ser reprovado precisa ser caprichoso e aplicado. Não é qualquer um que consegue tal proeza!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PROER com apoio irrestrito

     Quando a crise econômica emergiu em 2008 - que perdura até os dias atuais na Europa e EUA - uma das primeiras providências tomadas pelos governos atingidos foi a de socorrer os bancos e grandes empresas, como a GM e Chrysler no EUA e vários bancos estadunidenses e europeus com a finalidade de abafar ou atenuar os efeitos danosos do rápido desajuste e desequilíbrio econômico.
     O que eles fizeram foi o que no Brasil se batizou de PROER*, um programa de socorro aos bancos pré-falimentares no governo FHC para se evitar uma crise econômica nacional.
     Os partidos de oposição, entre eles, é claro, o PT, protestaram veementemente contra o PROER e, até hoje, ainda o criticam severamente. Um dos líderes desses protestos foi Lula.
     Em todos os programas pré-eleitorais ele se manifestava contra o PROER e privatização.
     Pois bem, não é que em 2008, nos impactos iniciais da crise européia e norte-americana o Presidente Lula e seus ministros, acompanhados pelos "cumpanheiros" do PT e os aliados (PMDB, PR, PTB, PDT, PSB, PCdoB etc.) aprovaram publicamente tanto em manifestações nacionais como internacionais esse "PROER" internacional!
    Mais que isso, para justificarem o apoio irrestrito tentaram nos vender a ideia de que essas ações governamentais representavam a "volta do Estado" no controle de bancos e grandes empresas. Coisas do modelo comunista stalinista.
     Para quem era frontalmente contra o PROER, essa nova posição nos mostra uma ironia política, ou falta de seriedade quando opositores, ou metamorfose, ou ...


(*) PROER: Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional. Criado em 04/11/1995.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Legado da Copa de 2014

     Lula, quando o Brasil foi escolhido pela FIFA para a próxima Copa do Mundo, fez milhares de discursos ufanistas do seu feito, mostrando atitudes de quem se orgulha de alguma coisa com desmedido exagero. Entre as justificativas que apresentava, e todos concordamos, que mais importante do que a Copa seria o legado que ela deixaria para as cidades onde os jogos aconteceriam. As cidades melhorariam, e muito, nas suas infraestruturas, comunicações e meios de locomoção, a famosa mobilidade urbana.
     Enquanto se discute sobre a Copa, e pouco se faz ou se fez, surge uma declaração que desmorona tudo o que o LULA apresentou como a grande vantagem de se ter a COPA.
     A Ministra do Planejamento, Miriam Belchior (PT), confessando, sem querer, disse a um grupo de jornalistas, entre eles Daniel Piza - registrou o fato na sua coluna SINOPSE - que o governo não planeja nada e afirmou que vai faltar mobilidade urbana durante a Copa de 2014 e que a solução será decretar feriado nos dias de jogos!
     Pelo visto, o legado da Copa será decretação de feriado sempre que o trânsito estiver engarrafado, o metrô superlotado, os trens suburbanos com pane e nos dias de chuvas intensas e muitas regiões inundadas.
     Ou nos dias em que o Corinthians jogar !

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Qual ou quais as expressões mais adequadas para os nossos políticos

     Denunciado por ser suspeito de envolvimento em esquema de superfaturamento de obras e de cobrança de propina no Ministério dos Transportes (o ministério da CIDE), Valdemar Costa Neto (PR-SP), em 28/09/2011 foi absolvido por 16 votos a 2 na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados.
    Favorecido por essa absolvição, o seu caso nem ao menos será investigado.  Além disso, também estava sendo denunciado por cobrança de propina para a manutenção da cessão de espaço público para a Feira da Madrugada, em São Paulo.
     Esse mesmo deputado, em 2005, renunciou ao seu mandato na véspera do início do processo da sua cassação na Câmara como réu no processo do MENSALÃO. Foi reeleito e continua na Câmara criando e aprovando leis para governarem nossas vidas, MAS NÃO A DELES.
     Jaqueline Roriz, Deputada Federal (PMN-DF) por 265 votos contra a perda de mandato, 20 abstenções e 166 a favor da perda de mandato escapou ilesa da cassação em 29/08/2011. Em 2006 ela foi filmada recebendo dinheiro de Durval Barbosa. Ela própria acabou admitindo que o dinheiro era para o caixa 2 da campanha do DEM. O argumento usado em sua defesa é que o crime aconteceu antes dela ser eleita. Então, caros amigos, cometam todos os crimes que quiserem e tratem depois de serem eleitos. Assim serão perdoados!!!!!!!!
     Aliás, é exatamente isso o que aconteceu com os ministros demitidos ultimamente. Cometeram todas as formas de corrupção imagináveis e foram perdoados com a simples demissão ou renúncia ao cargo!!!!!!
     Aceito sugestões sobre o termo mais adequado me expressar sobre os nossos políticos.
     Aproveito para escrever alguns termos: VERGONHA, DESONRA, ULTRAJE, HUMILHAÇÃO, INDECOROSO, DESONESTO, INDECÊNCIA, INDIGNIDADE, AFRONTA, DESPREZO, VEXAME, TORPEZA, OPRÓBIO ...

Pedágio (III)

Abaixo, está o percentual que cabe a cada ESTADO relativo aos 29% do total da CIDE arrecadada pelo governo federal.
Notem que os 100% (TOTAL) é o mesmo que os 29% do total da CIDE.
Desse modo, o percentual de São Paulo é de 17,4% de 29% do total da CIDE.
ESTADO PERCENTUAL
ACRE 0,74%
ALAGOAS 1,60%
AMAPÁ 0,57%
AMAZONAS 1,39%
BAHIA 6,39%
CEARÁ 3,55%
DISTRITO FEDERAL 1,43%
ESPÍRITO SANTO 2,13%
GOIÁS 4,69%
MARANHÃO 3,00%
MATO GROSSO 2,76%
MATO GROSSO DO SUL 2,72%
MINAS GERAIS 10,72%
PARÁ 2,85%
PARAÍBA 1,95%
PARANÁ 7,23%
PERNAMBUCO 3,67%
PIAUÍ 1,98%
RIO DE JANEIRO 5,53%
RIO GRANDE DO NORTE 2,22%
RIO GRANDE DO SUL 6,50%
RONDÔNIA 1,23%
RORAIMA 0,74%
SANTA CATARINA 3,92%
SÃO PAULO 17,47%
SERGIPE 1,34%
TOCANTINS 1,68%
T O T A L 100,00%

Pedágio (II)

     Em 1969 o governo militar brasileiro criou a TRU (Taxa Rodiviária Única) a ser cobrada dos proprietários de veículos de passageiros ou de carga.
     Por se tratar de uma TAXA, de acordo com a CF (Constituição Federal), o dinheiro proveniente dela só poderia ser aplicado em melhorias ou ampliações rodoviárias. A TRU foi um sucesso tão surpreendente que a sua arrecadação chegou a atingir 9% do PIB. Nos primeiros anos de sua vigência as rodovias brasileiras sofreram investimentos vultosos e foram nitidamente melhoradas, totalmente recapeadas, como a Dutra, a Fernão Dias e a Regis Bittencourt. Mas, com o passar do tempo as verbas provenientes da TRU foram desviadas e aplicadas em saúde e ensino, desrespeitando totalmente a vinculação obrigatória dessa taxa com as rodovias, o que contrariava a CF. Isso tudo aconteceu no governo militar.
     Em 1985 a TRU foi extinta e em seu lugar entrou o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
     Essa substituição foi radical porque a arrecadação deixou de ser TAXA e passou a ser IMPOSTO. Isso implica, segundo a CF, art 167, inc. IV, que o tributo oriundo do IPVA, como qualquer imposto, não tem vinculação com órgão, fundo ou despesas com destinação genérica, isto é, entra no caixa do governo e cada um faz o que bem entender com esse dinheiro.
     Do total arrecadado do IPVA, metade (50%) vai para o Estado e a outra metade (50%) vai para o Município onde o carro está licenciado.
     Por outro lado, o governo federal perdendo essa arrecadação (a TRU), tratou de criar um substituto, a CIDE (Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico) cobrada sobre cada litro de combustível. Do total arrecadado pela CIDE, 71% vai para o Governo Federal e 29% é repartido entre os Estados, de acordo com a Lei nº10.336, de 19/12/2001.
     Para se ter ideia dos valores da CIDE, cada 1.000 litros de gasolina recolhe aos cofres públicos a quantia de R$ 501,10 ( R$ 501,10 por m3 de combustível) ou seja, pouco mais de R$ 0,50 por litro de combustível que você coloca em seu tanque. A arrecadação mostrou ser superior à TRU e, apesar disso, nossas estradas nada melhoraram. Como a CIDE é uma CONTRIBUIÇÃO a sua arrecadação está destinada a uma ENTIDADE, da mesma forma que a CONTRIBUIÇÃO SINDICAL é destinada ao Sindicato.
     As contribuições possuem finalidade e destino certos e definidos na lei que a instituiu. A parcela federal (71%) do dinheiro arrecadado pela CIDE, por exemplo, vai para Fundo Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - FNIT do Ministério dos Transportes. Apesar dessa arrecadação enorme, o ministro dessa pasta, apoiado pela presidente Dilma, insiste em dizer que não tem verba suficiente para melhorar a malha rodiviária federal e, por isso, está leiloando as estradas para iniciativa privada com cobrança de pedágio.
     Enquanto isso, os Estados, por receberem somente uma parcela dos 29% arrecadados, também alegam não dispor de dinheiro suficiente para as suas estradas e, dessa forma, vão criando os seus pedágios.
     Diante do que expus, peço a todos que reclamam dos pedágios, que não acusem o IPVA porque ele nada tem a ver com ruas e estradas; a acusação deve ser feita à CIDE. Bem mais caro que o pedágio que você paga nas estradas está o "pedágio das estradas" embutido e "escondido" em cada litro de combustível que você adquire no posto. Dessa contribuição nunca ouvi alguém reclamar!!!!!!!!!!
     Outra contribuição está a caminho em substituição ao IPMF, a CSS (Contribuição Social para a Saúde). A Câmara dos Deputados já a aprovou. Só falta o Senado. Como dizem, CSS é o novo nome da CPMF! E dizem que com ela a saúde melhorará!
     Fui claro!

domingo, 2 de outubro de 2011

Pedágios (I)

     Antes de tudo, quero deixar bem claro e evidente que não sou defensor dos valores cobrados nos pedágios das nossas estradas, apesar de concordar com a existência deles. Estou me referindo especificamente aos pedágios das estradas paulistas.
Nunca encontrei alguém que os defendessem com convicção e que, ao mesmo tempo, aprovasse seus valores.
Prefeitos, onde as praças dos pedágios estão instaladas, se omitem a respeito, o governador procura fugir do assunto e os usuários das nossas estradas, que os pagam, até concordam com eles, mas deixam evidente que discordam dos valores num único viés; “são caros demais”.
Enquanto isso, não ouvi nenhum depoimento afirmando que os preços são justos ou inferiores aos benefícios que oferecem. Mesmo os que aprovam a sua existência o fazem com certas reservas.
O PT e o seu candidato a governador, o Senador Aloizio Mercadante, na última eleição, avaliaram que os pedágios eram um fiel da balança entre os eleitores e, por assim julgarem, adotaram como mote da campanha a redução dos pedágios. A avaliação foi infeliz porque nem segundo turno tivemos nessa eleição. Geraldo Alckmin (PSDB), eleito, prometeu, durante a campanha, que revisaria os pedágios, em resposta ao que estava prometendo o opositor.
Em 2007, o governo federal privatizou rodovias federais com base num plano elaborado pela ministra Dilma Rousseff da Casa Civil, segundo discurso de Lula.
O modelo de Dilma foi largamente utilizado pelo ex-presidente Lula na campanha eleitoral de 2010 pelo fato dos contratos serem de preços inferiores aos praticados no Estado de São Paulo.
Acontece que a concessão de “Dilma” não deu certo, isto é, a fórmula não funcionou porque as obras prometidas ainda estão no papel; nas regiões pedagiadas acontecem muitos protestos de usuários e muitas ações foram interpostas pelo Ministério Público contra a demora nas melhorias das estradas. As empresas concessionárias alegam que não arrecadam o suficiente para fazerem obras de grande porte e o prazo para as licenças ambientais foram completamente subestimadas no plano de Dilma.
De lá para cá, enquanto os reajustes das rodovias estaduais paulistas foram de 19,3% (de acordo com o IGPM), respeitando os índices inflacionários, as federais foram de 29,4%, quase o dobro da inflação.
Além disso, os prazos para as obras das federais pedagiadas foram sucessivamente prorrogados. Por exemplo, a duplicação da BR-116 (Régis Bittencourt), na Serra do Cafezal, entre Curitiba e São Paulo, que pelo cronograma inicial já deveria estar pronta, até agora nem começou. Durante todo esse tempo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) ameaça multar as concessionárias. Por enquanto ficou só ameaça!
Outro detalhe: um trecho de 35km da BR-101(ES) tem o prazo até 2035 para ser duplicado. Portanto, pagaremos 24 anos de pedágio BARATO para ter esse trecho modernizado daqui a ¼ de século. Com certeza, quando estiver duplicado estará defasado, não atendendo às necessidades e aspirações da região em 2035, pois a duplicação é necessária para resolver os problemas de agora, de 2011. Portanto, a promessa é de resolver o problema de 2011 em 2035; os de 2035 sabe Deus quando!
No início das concessões paulistas em 1990 o pedágio ficou elevado, segundo o governador Mário Covas, porque as obras tinham que ser feitas rapidamente já que estavam atrasadas e São Paulo tinha de ter infraestrutura ajustada às exigências de um estado rico, dinâmico e promissor. Além disso, segundo Covas, o estado de São Paulo tinha sido “quebrado” pelo governo anterior (Luiz Antônio Fleury Filho, sucessor de Orestes Quércia), o que inviabilizava investimentos públicos no setor. Por fim, todas as obras foram realizadas nos prazos contratados e a malha rodoviária atual do Estado de São Paulo é a melhor do Brasil e se equipara às do primeiro mundo.
Diferente do que se propôs o governo federal, o paulista se antecipou aos problemas e, desde 1990, vem se preparando, ano após ano, na velocidade que cada ano exige, até 2011 e os próximos anos. O problema é que a frota de carros, caminhões e ônibus vem aumentando além de qualquer previsão.
A diferença entre as concessões federais e estaduais (diga-se estado de São Paulo) é que a primeira foi POLÍTICA e a segunda, para ATENDER AS NECESSIDADES REGIONAIS ATUAIS E FUTURAS.
A outra opção é incrementar a malha ferroviária. Mas isso é coisa FEDERAL.
Encerrando, vou deixar uma pergunta no ar que será o meu próximo tema: “por que os pedágios existem no Brasil? Na resposta, veremos que eles têm relações com o IPVA, bem diferente do que pensam os que pagam os dois.

Aguardem!

domingo, 25 de setembro de 2011

São todos dedos de uma mesma mão!


O TCU (Tribunal de Contas da União) detectou, numa licitação da Telebrás, que uma obra foi contratada por R$ 121 milhões quando o preço de mercado é de R$ 54 milhões, ou seja, com um superfaturamente de sobrepreço de R$ 67 milhões.

 Ethevaldo Siqueira, jornalista, esperando uma atitude de retidão e integridade de caráter do ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, foi ouvi-lo sobre o assunto. Qual não foi a sua surpresa quando o ministro se limitou a criticar o TCU na entrevista! Perguntado sobre questões de ética envolvida no escândalo, o ministro respondeu: “quero que a ética vá para o inferno!”. Indagado se não temia publicação dessa declaração ele se manifestou desafiando: “publique se quiser.” Duvida? Leia a coluna do citado jornalista no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO de hoje (25/9/2011) – página B14.

Nada disso coincide com o conceito que a imprensa quer atribuir a Presidente Dilma, a de “faxineira da corrupção”.

O que o PT e seus militantes, que tanto combateram a corrupção e a falta de ética dos políticos da situação, antes da eleição de Lula como presidente, têm a dizer? Com certeza dirão que repetem o que sempre foi feito nesse país, dando eco do que o Lula sempre se justificou, como papagaios. E a promessa de mudar o país e acabar com a corrupção? Onde ela está? Morreu? Ou foi simplesmente uma falácia a mais?

Pelo visto, o que PT fazia antes de 2002 era só encenação para conquistar e convencer os eleitores visando se apossar do poder e, nisso foi bom, pois conseguiu enganar a grande maioria. E depois de assumir o poder mostrarou-se como sendo iguaizinhos aos outros que tanto escarnecia, ridicularizava, humilhava e rebaixava. Agora, que passou a fazer justamente do que tanto criticava, merece, tanto quanto os outros, a ser também achincalhado. É o que faço!


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Rumo à incompetência

Segundo Princípio de Peter, num sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até o seu nível de incompetência ("In a hierarchy, every employee tends to rise to his level of incompetence").

Como corolário desse princípio podemos afirmar que o mundo está sendo ocupado, aos poucos, e cada vez mais, por incompetentes.

Senão, vejamos.

Um profissional, como um professor, por exemplo, que se mostra muito competente como tal acaba, justamente por esse motivo, sendo promovido a coordenador. Se na nova função ele também demonstra habilidade e competência será novamente promovido e, desta vez, para o cargo de coordenador geral. Se também revelar competência será, com certeza, galgado ao cargo de Diretor e assim por diante. Caso não se mostre competente para o cargo que ocupa, não será mais promovido e, como a "despromoção" é inviável sob muitos aspectos, inclusive o legal (Leis Trabalhistas), o profissional será mantido no cargo - para o qual é incompetente - por um tempo até ser despedido ou nele permanecerá até sua aposentadoria por amparo legal ou porque a sua dispensa é tão custosa que mantê-lo é mais em conta.

O resultado de tudo isso é que cada vez mais os cargos mais altos das empresas são ocupados por maioria de incompetentes.

Moral da história: a competência conduz à incompetência!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cota é mérito?

       As discussões sobre o sistema de cotas das universidades aparece, na imprensa, com certa frequência. Mas, em nenhuma delas notei alguma citação do Artigo XXVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos da qual o Brasil é signatário.
       Na  primeira alínea desse Artigo está escrito: Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no MÉRITO.   O grifo é meu.

       Só me resta perguntar: a cor da pele é MÉRITO? Ser descendente indígena é MÉRITO? Estudar em escolas públicas é MÉRITO? Pertencer à família de baixa renda é MÉRITO?
      
       Outra pergunta: será que os nossos governantes que tanto incentivaram a criação das cotas não sabiam que o Brasil deve cumprir com os compromissos que assumiu internacionalmente?

       Ou esses compromissos são apenas para inglês ver!
      

sábado, 17 de setembro de 2011

Essas estatísticas!

A NASA divulgou hoje (17/9/2011) que um satélite desativado pesando aproximadamente 5 toneladas cairá e a probabilidade de um dos seus pedaços atingir alguém é de 1 em 32.000.
A possibilidade de ganhar na MEGA-SENA é de 1 em aproximadamente 50 milhões; de ganhar a QUINA, 1 em 24 milhões.
Como pode se perceber pelos números, é bem mais provável que um fragmento do satélite caia em sua cabeça do que em algum dia ganhe na MEGA-SENA ou na QUINA.
Portanto, nesses dias não saia de casa e fique em lugar com teto reforçado. Quem sabe tenha sorte!!!!

domingo, 28 de agosto de 2011

Educação depois da economia! É verdade?

Na década de 1970, li uma entrevista com o renomado e prestigiado economista Celso Furtado (1920-2004). Era fã dele!
Celso Furtado, no governo Juscelino Kubitschek, idealizou e criou a SUDENE (Superitendência de Desenvolvimento do Nordeste) com a finalidade de desenvolver o nordeste, o que não se realizou porque ela acabou se transformado em cabide de emprego público, centro de corrupção sem nunca ter cumprido o seu projeto original. Foi extinta no governo FHC.
A mesma SUDENE foi recriada por Lula com a intenção de abrigar seus aliados do nordeste.
Para mim, os comentários da época foram tão significativos que nunca mais os esqueci. Hoje estou novamente a relembrá-los.
Eles relacionavam as ideias de Celso Furtado ao desenvolvimento do Brasil. Ele pregava que se o desenvolvimento econômico acontecesse as demais áreas carentes do Brasil também se desenvolveriam, por simples, lógica e inevitável consequência. Se os números da economia melhorassem os números da saúde e educação melhorariam logo em seguida, como efeito secundário e natural. Por causa disso, a primeira batalha e única a ser enfrentada por países subdesenvolvidos (classificação do Brasil naqueles tempos) seria a econômica. O resto se resolveria por si só desde que a economia estivesse acertada.
Acreditando principalmente nas ideias de Celso Furtado, os nossos governantes implantaram uma série de planos econômicos, verdadeiros "choques econômicos", com mudança dos nomes da nossa moeda e sempre procurando a famosa "estabilidade econômica". Todos fracassaram.
O PLANO REAL foi o útimo e, se o REAL vive até hoje, é porque deu certo. Com o acerto do plano real passamos a ter condições de checar as ideias de Celso Furtado.
O plano REAL está dando certo desde 1994 e até agora a educação e a saúde continuam uma lástima! E já são 17 para 18 anos de real!
O governo se movimenta instantaneamente se algum dado econômico aponta um desajuste. A equipe econômica, liderada pelo Ministro da Fazenda, imediatamente toma providências para reverter o quadro e, para tanto, alteram as relações cambiais, taxam as aplicações em dólares, aumentam IOF e juros (taxa CELIC), aumentam disponibilidade de crédito, reduzem impostos (IPI) dos carros.... A agitação é envolvente e as expectativas a espera dos resultados das medidas tomadas são enormes.
Por outro lado, se os dados referentes à saúde e educação se apresentarem desastrosos o Ministro da Educação nem se mexe, permanece mudo e nenhuma, ABSOLUTAMENTE NENHUMA providência é tomada. Por consequência, o MEC não gera expectativa ou esperança.
Vejam os mais recentes dados sobre avaliação em leitura, matemática e escrita dos nossos alunos do ensino fundamental. No Nordeste, onde os dados são piores, menos da metade dos alunos sabem ler, escrever e fazer contas simples. No Sul e Sudeste os índices, apesar de serem horríveis, são melhores do que os do Nordeste. As escolas privadas com resultados infinitivamente melhores do que as públicas.
Aliás, as privadas vivem independentemente do governo; as públicas, totalmente dependentes dos governantes.
Cadê o plano educacional para tentar reverter esse quadro?
Infelizmente, continuamos a acreditar no que disse Celso Furtado: a educação e a saúde melhorarão só após a economia melhorar, por um processo ESPONTÂNEO.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Coliseu, o cinema dos romanos!

Ontem a noite tive a oportunidade de reassistir ao filme O GLADIADOR, filmado em 2000.
Pelo fato de já ter visto o filme como apreciador do cinema, reassistí-lo foi um exercício de observação e crítica.
Reparei nas cenas de disputa entre as bigas e os gladiadores com trechos de violências extremas, ferimentos sanguentos - as espadas, as rodas das bigas, as roupas dos lutadores banhadas em sangue - pedaços de corpos dilacerados, membros e cabeças arrancadas do corpo e muitas, muitas mortes.
A platéia romana atenta e que a tudo assistia, delirava e se divertia com os combates e os perigos que as feras (tigres) acorrentadas representavam para os gladiadores que lutavam pela própria sobrevivência na arena do anfiteatro, o Coliseu. Ou seja, uma verdadeira diversão e alegria; uma festa. O prazer desse espetáculo de carnificinas, estampado nos semblantes dos que estavam nas arquibancadas era o mesmo que a gente hoje nota nas pessoas, principalmente jovens, que assistem filmes policiais atuais com perseguições, tiroteios, incêndios, bombas explodindo e matando muita gente. Tudo regado a sangue, muito sangue e com fundo sonoro de muito barulho e ruidos assustadores. Ao final, o saldo é de muitas mortes.
A diferença dos filmes atuais - o de maior sucesso recente foi AVATAR, baseado em conflito entre Pandora e Polifemo - e o que acontecia na arena dos Coliseus é que no cinema a violência é de "mentirinha" e as do Coliseu, naturais, sem dublês! A morte era morte mesmo, do jeito que realmente ela é.
O que acontecia no Coliseu era motivo de muita conversa e estreitamente de relações entre os romanos e nada além disso. Não era possível o replay. Ao contrário disso, o cinema atual também agrega valor educacional pois, com a repetição, as pessoas, vendo e revendo as crueldades, tendem a aceitá-la como natural e inevitável e que provavelmente acaba no intervalo comercial, incorporando assim a violência no seu dia a dia, banalizando-a. Nos dois casos nunca acontece o peso de consciência!
Hoje somos exatamente o que os romanos eram há 2 mil anos ou mais... A nossa vantagem é que podemos assistir as cenas repetidas vezes para tirarmos as possíveis dúvidas se a bala acertou na cabeça, no olho ou na boca...
ou se o dedo decepado foi o polegar direito ou o mindinho esquerdo ....