quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sem neve!

Dados divulgados pelo IBGE e publicados pela imprensa de duas semanas atrás, apresenta fatos curiosos e que nos levam a refletir bastante.
O tempo médio de permanência da criança brasileira diante da TV e, depois de certa idade, do computador, é de aproximadamente 7h. Nesse aspecto, somos líderes mundiais, o que é muito triste.
Quando analisado por classes, nota-se que as crianças de classes mais elevadas ficam, em média, 4h perante a TV e as menos favorecidas, 9h.
A situação se agrava porque ainda não dispomos de Normas ou Leis que regulamentem as propagandas nos horários e programas mais assistidos por essa multidão de jovens.
Bombardeados por propagandas extremamente bem elaboradas e que convencem facilmente a pessoa a desejar o que anunciam, as crianças, ainda desprovidas de qualquer sensatez, incapazes de julgar ou de apreciar ou de fazer juízo entre o mais e o menos adequado e necessário, acabam sendo astutamente persuadidas para o consumo e, o que é pior, também estão sendo educadas para se tornarem consumidoras inconsequentes e desmedidas; compradores exacerbados e insaciáveis.
No fundo, o que a TV e o computador estão fazendo, nessa situação, é formar uma geração inteira de consumidores inconscientes, impetuosos e arrebatados, deixando totalmente de lado a concepção de cidadão consciente. A regra entre nossos jovens, submetidos a esse tipo de influência, passa a ser o TER NA VIDA, custe o que custar!
Já cheguei a conhecer garotos afirmando que sem o celular ou computador não viveriam, que eram, para eles, aparelhos imprescindíveis!!!! Um deles até chegou a afirmar que o primeiro ato ao se levantar de manhã era pegar o celular, antes mesmo de calçar os chinelos.
Semana passada, depois que tomei conhecimento dos dados do IBGE, fiz uma pequena e descompromissada pesquisa entre meus alunos do 1o e 2o colegiais, num total de 85 estudantes. "Levantem as mãos os que trocaram de celular a um mês ...; há dois meses ...; três meses ...; ...." . Resultado: dos 85, 73 responderam que haviam trocado de celular nos últimos 3 meses. O celular mais velho da sala de aula tinha 9 meses!
Outra pergunta: "Levantem as mãos os que ficam no Facebook mais de 1 hora por dia ...; de 2 horas ...; de 3horas ...; de 4 horas ...; .....". Resultado: 100% ficam até 3 horas; 68% até 4 horas; 30% por mais de 5 horas.
Conclusão: não é preciso muito trabalho para confirmar os resultados do IBGE, basta que cada professor faça essa pesquisa nas suas turmas! Só não perguntei sobre TV! Mas, cá entre nós, precisava?
Também observei que boa parte dos alunos durante os "recreios" ficam entretidos, cada um, com os seus celulares. Rodas de conversa entre eles está diminuindo. E quando existe, conversam, principalmente, sobre os recursos que o celular de cada um tem ou sobre as novidades do computador.
Por outro lado, quando observamos os países que têm regulamentação de propaganda em horários de TV preferidos pelas crianças, como a Dinamarca e a Suécia, países pioneiros na imposição dessas normas, notamos que suas crianças, em média, permanecem 1 hora por dia vendo TV.
Somente 28 países criaram essas normas e, entre eles estão os 10 mais desenvolvidos, cujas crianças e jovens não ultrapassam a média de 1h por dia diante de TV ou de computador, com um detalhe que os diferencia enormemente de nós: esses países têm período longos de permanência das crianças em casa, o que acontece nas épocas que a neve cai! São meses seguidos de neve!
Nós, nem neve temos!!!!!!

Um comentário:

  1. Ótimo texto, professor.
    Como professora, noto que meus alunos têm cada vez mais dificuldade de verbalizar o que pensam e, quando o fazem, utilizam uma linguagem hiperbólica repleta de palavrões, onomatopeias ou códigos pouco precisos. Isso também é reflexo desse modo de "comunicar" em que são meros espectadores, limitados a "curtir" ou "compartilhar o que não fizeram.

    ResponderExcluir