domingo, 28 de agosto de 2011

Educação depois da economia! É verdade?

Na década de 1970, li uma entrevista com o renomado e prestigiado economista Celso Furtado (1920-2004). Era fã dele!
Celso Furtado, no governo Juscelino Kubitschek, idealizou e criou a SUDENE (Superitendência de Desenvolvimento do Nordeste) com a finalidade de desenvolver o nordeste, o que não se realizou porque ela acabou se transformado em cabide de emprego público, centro de corrupção sem nunca ter cumprido o seu projeto original. Foi extinta no governo FHC.
A mesma SUDENE foi recriada por Lula com a intenção de abrigar seus aliados do nordeste.
Para mim, os comentários da época foram tão significativos que nunca mais os esqueci. Hoje estou novamente a relembrá-los.
Eles relacionavam as ideias de Celso Furtado ao desenvolvimento do Brasil. Ele pregava que se o desenvolvimento econômico acontecesse as demais áreas carentes do Brasil também se desenvolveriam, por simples, lógica e inevitável consequência. Se os números da economia melhorassem os números da saúde e educação melhorariam logo em seguida, como efeito secundário e natural. Por causa disso, a primeira batalha e única a ser enfrentada por países subdesenvolvidos (classificação do Brasil naqueles tempos) seria a econômica. O resto se resolveria por si só desde que a economia estivesse acertada.
Acreditando principalmente nas ideias de Celso Furtado, os nossos governantes implantaram uma série de planos econômicos, verdadeiros "choques econômicos", com mudança dos nomes da nossa moeda e sempre procurando a famosa "estabilidade econômica". Todos fracassaram.
O PLANO REAL foi o útimo e, se o REAL vive até hoje, é porque deu certo. Com o acerto do plano real passamos a ter condições de checar as ideias de Celso Furtado.
O plano REAL está dando certo desde 1994 e até agora a educação e a saúde continuam uma lástima! E já são 17 para 18 anos de real!
O governo se movimenta instantaneamente se algum dado econômico aponta um desajuste. A equipe econômica, liderada pelo Ministro da Fazenda, imediatamente toma providências para reverter o quadro e, para tanto, alteram as relações cambiais, taxam as aplicações em dólares, aumentam IOF e juros (taxa CELIC), aumentam disponibilidade de crédito, reduzem impostos (IPI) dos carros.... A agitação é envolvente e as expectativas a espera dos resultados das medidas tomadas são enormes.
Por outro lado, se os dados referentes à saúde e educação se apresentarem desastrosos o Ministro da Educação nem se mexe, permanece mudo e nenhuma, ABSOLUTAMENTE NENHUMA providência é tomada. Por consequência, o MEC não gera expectativa ou esperança.
Vejam os mais recentes dados sobre avaliação em leitura, matemática e escrita dos nossos alunos do ensino fundamental. No Nordeste, onde os dados são piores, menos da metade dos alunos sabem ler, escrever e fazer contas simples. No Sul e Sudeste os índices, apesar de serem horríveis, são melhores do que os do Nordeste. As escolas privadas com resultados infinitivamente melhores do que as públicas.
Aliás, as privadas vivem independentemente do governo; as públicas, totalmente dependentes dos governantes.
Cadê o plano educacional para tentar reverter esse quadro?
Infelizmente, continuamos a acreditar no que disse Celso Furtado: a educação e a saúde melhorarão só após a economia melhorar, por um processo ESPONTÂNEO.

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