segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A encenação da bolsa família tem muitos atores além do Lula e ele não é o principal! (II)

     Em artigo que recentemente escrevi nesse meu blog, comentei sobre a origem da bolsa-família, seu rebatistmo e a nova utilidade política que assumiu durante o governo Lula e o atual.
     Mas, o assunto não fica somente nisso porque o Lula e seus seguidores andam insistentemente divulgando e fazendo os ingênuos acreditarem que o desenvolvimento do norte e nordeste brasileiro foi alavancado somente e exclusivamente pela bolsa-família. Usam esse argumento para explicar e justificar sua suposta ação social e, ao mesmo tempo, para combater governos anteriores.
     Daí o discurso de que foi "um desenvolvimento econômico como nunca visto antes na história desse país nessas regiões".
     Assistindo ao programa CANAL LIVRE de 24/07/2011 na TV BANDEIRANTES, sobre o "envelhecimento e aumento da longevidade do brasileiro" ouvi atentamente as respostas dadas pelo médico geriatra e uma assessora do IPEA aos entrevistadores.
     Além de apontarem os diversos aspectos relacionados ao envelhecimento do brasileiro, deixaram bem evidente a rapidez com que o processo está se desenvolvendo, como em nenhum outro país. O que na Europa levou 50 anos para acontecer, no Brasil está ocorrendo nos últimos 20 anos.
     Segundo o médico, a média de fecundidade da brasileira passou de 5,8 filhos/mulher para 1,4 em menos de 40 anos. A redução do número de filhos aconteceu no Brasil inteiro, inclusive nas regiões norte e nordeste, onde, sabidamente, o número de filhos por família tradicionalmente é elevado, mesmo com essa redução; mesmo assim, o número de filhos por família nordestinas e nortistas continua sendo os maiores do Brasil.
     Segundo dados que coletei na internet (www.ibge.gov.br) a porcentagem de crianças entre 0 (zero) e 14 anos passou de 34,7% em 1994 para 29,6% em 2000 e, finalmente, 23,1%. Com base nesses dados, hoje temos mais pessoas acima de 50 anos do que crianças abaixo de 10 anos.
     Enfim, todos os dados apresentados confirmam a ideia de que nos últimos 20 anos a população idosa vem crescendo em ritmo muito mais acelerado do que a de jovens.
     Até aí, nenhuma novidade, já que essas informações vêm sendo repetidamente divulgada pela imprensa já faz algum tempo, desde o recenseamento de 2000.
     A novidade que surgiu nas entrevistas foi proporcionada pelo médico e reforçada pela representante do IPEA sobre o rendimento da terceira idade e o que representava em termos de progresso econômico para muitas regiões, principalmente do norte e nordeste, onde, nos últimos 15 anos o número de idosos com idade superior a 60 anos aumentou expressivamente. Por causa disso, eles passaram a receber aposentadoria independente do tempo de contribuição para o INSS, mas simplesmente por ter alcançado a idade mínima para aposentadoria.
     Essa leva de aposentados recentes passou a representar na família a única fonte de dinheiro e, em consequência, os idosos assumiram o papel de serem os únicos indivíduos de apoio financeiro para as famílias nas quais os demais membros vivem de "bico" e não recolhem INSS.
     Analisando-se o grau econômico de desenvolvimento do norte e nordeste e a renda distribuída pela bolsa-família, percebe-se, claramente, que a bolsa-família é insuficiente para gerar o resultado que o Lula e seguidores querem lhe atribuir.
     Na bolsa-família, cada família recebe de R$32,00 a R$242,00 por mês, a partir de março de 2011. Multiplicando-se o número de famílias beneficiadas pelo benefício médio teremos algo em torno de R$ 411 milhões.  O descompasso, ou melhor, a diferença é muito grande.  Como uma distribuição de R$ 411 milhões pode ser responsável por um crescimento de bilhões? A conta não bate, de forma alguma.
     Por outro lado, se fizermos a mesma conta levando em consideração os salários mínimos (cada família recebendo R$545,00 por mês + 13º) que os novos aposentados recebem, veremos que atinge muito mais de bilhão de Reais. Portanto, o volume de recursos econômicos injetados nessas regiões foi imensamente maior do INSS do que da bolsa-família, em aproximadamente 6 vezes mais.
    
Os dados do IBGE mostram que as famílias brasileiras que contêm idosos estão em melhores condições econômicas do que as demais famílias (http://www.ipea.gov.br/pub/td/2002/td_0858.pdf)
     Devemos também dar o mérito por isso ao idealizador e implantador desse processo de aposentadoria, o ex-presidente FHC. No governo dele é que a aposentadoria sofreu mudanças, algumas que podem ser aplaudidas, como essa, outras, vaiadas, como a implantação do fator previdenciário e expectativa de vida no cálculo dos valores dos aposentados, sempre com a função de dedução! Quando me aposentei senti os esfeitos dessas deduções.
     Fica bem evidente que o processo de aposentadoria foi implantado no governo FHC e começou a surtir seus efeitos no governo Lula que, para não dar o mérito ao responsável pela "herança maldita" desviou a atenção da platéia para o sucesso da bolsa-família, puxando para sí todo os elogios e aplausos. Estava enganando, isso sim!
     Hoje, mais lúcido, distante de campanhas políticas, posso afirmar com certeza que o desenvolvimento econômico regional das regiões mais pobres do Brasil é muito mais resultado da APOSENTADORIA do que da BOLSA-FAMÍLIA como Lula conseguiu fazer com que todos acreditassem, inclusive eu. Tantos discursos fez a respeito, apoiado com ecos estrondosos dos partidos da esquerda pois havia interesse eleitoreiro em jogo, usando seu domínio e tutela política fez com que todos acreditassem nisso a tal ponto de convencê-los a votarem na sucessora.
     E deu certo!





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