segunda-feira, 9 de abril de 2012

Metamorfose ou desmascaramento de caráter

Depois que escrevi que o fanatismo cego cega, pensei em desistir de continuar escrevendo sobre política. Acontece que os acontecimentos atuais são tão marcantes que não resisti. A tentação de escrever sobre política venceu o meu desejo de abandonar essa prática. Afinal, cada um tem o seu lado político que vive conosco por toda nossa vida. A partir disso e acrescentando o que afirmou Oscar Wilde - "posso resistir a tudo, menos às tentações" -, justifico meu ato atual.
Demóstenes Torres, Senador da República, do DEM, depois de passar vários anos representando o papel de político honesto e de ilibado comportamento, missionário da ética e impiedoso acusador dos participantes do mensalão do PT, praticava, na realidade, no exercício do seu mandato que conquistou nas urnas e não soube honrar, atos tão ou mais corruptos que tanto dizia combater. Todos viam nele um valente defensor da ética política.
Hoje, com regojizo, os corruptos podem dizer dele o que ele disse a respeito deles.
Percebe-se nesse episódio o comportamento bem diferenciado entre o PT (Partido dos Trabalhoes) e o DEM (Democratas), antigo PFL. O DEM, antes mesmo de efetuar uma investigação já decidiu, perante a consistência das acusasões e provas, excluir o Senador do seu quadro de afiliados.
As acusações contra os PTistas efetuadas por Roberto Jefferson ao denunciar o "mensalão" do PT em 2005, os fatos e provas acusativas em 2004 no caso dos escândalos dos Bingos, o escândalo dos Correios também em 2005, a morte do prefeito Celso Daniel em 2002, as gravações de Wladimir Diniz (que prova mais contundente que essa!), a dança da pizza em 2006, o valerioduto do Marcos Valério vieram a tona com intensidades muito mais complexas, profundas e reveladoras do que hoje acontece com Demóstenes e também tão decepcionantes e frustadoras.
O PT na época, diferente do DEM, simplesmente nada fez; ao contrário, o próprio presidente Lula saiu com discurso defensor dos acusados e as coisas ficaram como estavam e nenhuma providência foi tomada, ou seja, silêncio total mesmo sabendo de algo negativo praticado por "companheiros", os PTistas não fizeram nada para impedi-lo, embora pudessem fazê-lo.
Os PTistas tinham, antes de assumirem o poder e de virarem situação, quando ainda na oposição, as mesmas e idênticas atitudes do Senador Demóstenes de veemente batalhadores contra corrupção, corruptos e corruptores e que, ao assumirem o poder, como por milagre (ou melhor, como disse o Lula, POR METAMORFOSE!) adotaram a postura pacífica com o que mais diziam detestar, principalmente quando os denunciados eram seus correligionários (aqueles que compartilham e seguem os mesmo princípios).
Demóstenes, em suas participações em CPI tinha um discurso e convincente de honesto e de quem defende a doutrina dos bons e saudáveis costumes. Agora a máscara caiu; uma pena! Fomos totalmente enganados!
Quanto a esses aspectos será que existe dentro de cada PTista um Demóstenes?
Será que ao se referir à metamorfose, Lula estava se dizendo que a mudança que estava em curso, na época, era de aparência, de caráter e de acordo com a circunstância que, por sua vez, revelava o ladrão escondido, a "máscara de Demóstenes", e disfarçado em cada um dos PTistas?

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