sexta-feira, 23 de março de 2012

A ideologia cega, cega!

O Brasil só atingiu o status de celeiro do mundo como grande exportador agrícola de algodão, soja, açúcar, sucos, milho, álcool ... porque soube aproveitar resultados das pesquisas da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), empresa criada em 7 de dezembro de 1972, pelo então Presidente Emílio Garrastazu Médici. O ministro da agricultura daquela época, Luiz Fernando Cirne Lima, cuidou de todos os aspectos relacionados à organização dessa entidade de pesquisa e em 28 de março de 1973 ela foi definitivamente instalada.
Os primeiros resultados dos trabalhos da EMBRAPA começaram a surtir os seus efeitos a partir de 1980, quando a nossa agricultura intensiva deu gigantescos saltos de ganho de produtividade no campo, garantindo, assim, além do incremento nas exportações dos produtos agrícolas (commodities) a produção de alimento barato para nós brasileiros.
Economizando por conta da alimentação barata, as famílias puderam destinar mais recursos para o consumo de bens duráveis, concorrendo, desse modo, para o fortalecimento do mercado interno.
Os dolares do mercado externo injetado na economia brasileira atual é predominantemente originário da exportação de commmodities e a EMBRAPA tem TUDO a ver com isso, principalmente nos últimos cinco anos quando elas - as commodities - sofreram forte valorização, mantendo o saldo positivo da nossa balança de comércio exterior.
Em 2000 a soja foi vendida, no Porto de Paranaguá, Paraná, a US$ 188,69 a tonelada; em 2012, a US$ 463,18, uma valorização de 245%.
A produção brasileira de soja de aproximadamente 30.765 kg/ha/ano (quilogramas por hectare por ano) em 1988 saltou para 60.017 kg/ha/ano em 2008, ou seja, praticamente dobrou. Com isso, o Brasil dobrou a produção sem necessitar de nem um metro quadrado a mais de área plantada, resultado esse conseguido a custa das pesquisas em melhoria genética das plantas.
Graças ao aumento da produtividade e ao aumento do preço de venda, a soja que rendia US$ 5.800 por hectare em 1990; em 2012, com a mesma área está gerando uma receita de US$ 27.800. Esse aumento expressivo de rendimento e de preço da commoditie resultou num superávit comercial como nunca antes em nosso país! E o governo federal nada teve a ver com isso. As cotações internacionais das commodities se elevaram demasiadamente, face ao aumento de demanda causada principalmente pela China que entrou pesadamente no mercado comprador e boa parcela desse dinheiro veio parar em nosso tesouro. Além disso, a área de plantio praticamente dobrou nos últimos 20 anos.
E não me venham dizer que as sobras de dolares no tesouro nacional deveu-se ao governo Lula! A maré subiu ("os preços internacionais se elevaram"), o volume de água se elevou ("a produção de soja cresceu muito"), o navio desencalhou ("o Brasil passou a ter excedente de dolares") e o capitão acha que foi ele quem salvou o navio ("o Lula e seus seguidores consideram o Lula como salvador da pátria").
Por outro lado, durante o governo Lula e mais acentuadamente no de Dilma, as verbas destinadas às pesquisas da EMBRAPA vêm sofrendo redução contínua a ponto de, nos dias atuais, ser de R$ 2,1 bilhões/ano, a menor de todas. Sendo assim tratada, a EMBRAPA não mais está conseguindo se modernizar e procurar se adaptar às novas tecnologias, perdendo terreno, cada vez mais, para as empresas internacionais concorrentes. Estão sucateando a EMBRAPA!
Enquanto isso, a Monsanto, empresa que desenvolveu a soja transgênica, resistente aos herbicidas que ela mesma produz, investe mais de US$ 1 bilhão por ano em pesquisas e desenvolvimento.
A responsabilidade pelo nosso desenvolvimento agrícola, graças ao Lula e à Dilma está sendo transferida, pouco a pouco, da Embrapa para empresas multinacionais como Monsanto, Du Pont e Syngenta que fornecerão e controlarão, graças aos resultados das suas pesquisas, as novas sementes das culturas que estão por vir. Boa parte do que hoje é saldo positivo da balança comercial será repassado para o caixa dessas empresas multinacionais. Essa é a forma mais vergonhosa e ultrajante que se conhece de privatização, de transferência silenciosa, irreversível, sem deixar ser percebida de domínio de tecnologia nacional. Sorrateiramente o comando da nossa produção agrícola intensiva está sendo privatizada a custa do obsoletismo da EMBRAPA. 
Tudo fora do alcance dos olhos ou do conhecimento dos outros, tudo às escondidas!
O pobre coitado que receberá a bolsa família, ao comprar as sementes para semear em seu terreninho, estará transferindo os poucos Reais que recebe para essas empresas estrangeiras e muito ricas, dinheiro esse que sairá definitivamente do nosso país.
Escrevo sobre esse assunto porque pós graduei em Biologia Aplicada a Agricultura e, durante meus estudos, tomei ciência profunda do trabalho explendoroso que o pessoal altamente competente da EMBRAPA realizava.
Para mim, a turma da inteligência do PT, mantém intencionalmente os seus afiliados, defensores e seguidores,  preocupados com a "privatiaria tucana" e "fanaticamente ocupados em combater os seus inimigos mortais do PSDB". Assim agindo, se protegem fazendo com que o pessoal da situação - petistas da base - pemaneça a margem e completamente desinformada sobre o que está em andamenteo e, enquanto isso, lá em Brasília, aperfeiçoam e praticam formas degradantes de política.
Fazer o quê?
O fanatismo ideológico cego, cega!








Nenhum comentário:

Postar um comentário