terça-feira, 26 de julho de 2011

"Mesada" ou "salário"?!

     Hoje, estava decidido a continuar escrevendo sobre o bolsa família e a grande encenação política que ela representou e continua representando, rendendo grandes frutos para Lula e Cia.
     Acontece que, como Diretor de Colégio, acabei de entrevistar um pai que pretende transferir seu filho aqui para a nossa escola. Ele estava acompanhado do filho e, durante a entrevista, os dois discutiram, dissimuladamente, sobre a mesada que o pai dava ao filho. Como era conversa entre membros da mesma família, não participei e, constrangido, ouvi as palavras trocadas.
     Quando os dois se retiraram, refleti ligeiramente sobre o assunto e, como consequência, estou escrevendo esse texto porque tenho uma opinião formada e bem clara a respeito desse assunto e que vou aqui transformar em SUGESTÃO.
     Seria melhor substituir a palavra "mesada" por "salário" porque ela (ou ele, o salário!) deve estar vinculada diretamente a uma prestação de serviço. É a paga pelo serviço prestado aos pais e a si mesmo.
     Essa paga só poderia ser instituida quando a criança conseguisse fazer contas elementares de cabeça, como somar, dividir, multiplicar e subtrair. Dominando esses conhecimentos básicos, o filho teria condições de administrar a sua mesada. Partindo disso, a mesada é coisa que pode ser iniciada depois dos 9 ou 10 anos, quando a criança já aprendeu essa aritmética na escola.
     Afinal das contas, que serviço seria esse? O de estudar e o filho, nesse caso, exerceria a profissão de "estudante" e os pais, de "patrão".
     Como dizia o educador Lauro de Oliveira Lima, estudar é uma atividade que toma tempo prolongado, desgasta, exige planejamento e o resultado é duvidoso. O energia e o tempo dispendido é grande e merece uma recompensa, ou seja, uma mesada que, além disso, vem acompanhada da satisfação da aprendizagem.
     Quanto ao valor, deveria ser proporcional aos gastos com cantina da escola e o de presentear amigos aniversariantes, atendendo às necessidades básicas dos estudos e da convivência social com os colegas da escola.
     Proponho a seguinte conta.
     Despesa diária na cantina (1 suco + 1 lanche) = R$ 5,00.
     Despesas com presentes para os amiguinhos = R$ 3,00 por semana.
     Note que os aniversários não acontecem em todas as semanas.
     Assim calculando, a mesada deveria ser de R$ 28,00 por semana (5 dias da semana de lanche + presente).
     Como o presente deve ser adquirido esporadicamente, à medida que os aniversários acontecem, a parcela da mesada relativa a ele (R$ 3,00) deveria ser poupada semanalmente. Essa poupança seria um bom motivo de diálogo entre pais e filhos pois representa o momento de os pais educarem o filho na sua administração financeira diária e futura. Bem conduzido, esse diálogo seria de grande contribuição à aquisição do ato de poupar, coisa que o brasileiro, de modo geral, tem grande dificuldade em praticar.
     O brasileiro, geralmente, quando tem um dinheiro extra sente cócegas nas mãos e se apressa em gastar. Raramente passa pela sua cabeça a ideia de poupança. "Dinheiro na mão é vendaval", diz a múscia.
     Outro aspecto importante da mesada seria as negociãções mantidas entre pais e filho nos momentos dos reajustes. Nesse caso, aconselharia aos pais que estabelecessem uma data básica de negociações. Até lá, a mesada não sofreria alteração alguma.
     Um detalhe importantíssimo, o motivo central da negociação dos reajustes, é o desempenho escolar. O aumento da mesada (ou reajuste pleno, pela inflação, ou parcial) estaria vinculado ao desempenho do filho na escola, ou melhor, das suas notas. Assim, se o desempenho no ano anterior foi de média 5,0 e nesse ano está com média 6,0 seria justo um reajuste poupudo da mesada. Se, ao contrário, a média diminuisse, o reajuste refletiria isso. Cabe aqui fazer um alerta: o filho tem de saber, desde o momento em que a mesada foi instituída, dessas condições dos reajustes. Assim, ele, no decorrer do ano já conseguiria fazer previsões sobre o futuro da sua mesada. Também, sabendo dessa condições, estaria previamente preparado para as negociações, o que evitaria surpresas e sustos, além de ficar bem claro que tudo está acontecendo por causa dele, do que anda fazendo e os resultados conquistados. Existe melhor ensinamento que esse?
     O resultado de todo esse processo seria o aumento do desempenho da escola e a aprendizagem que o jovem teria sobre como administrar melhor os seus rendimentos.
Mas, para que se chegue a esse ponto, a família tem de dar todo apoio aos estudos dos filhos.

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